Nesta quarta-feira, dia 07 de agosto, a FAAP recebeu o arquiteto austríaco Bernardo Bader para uma inspiradora aula magna sobre sua trajetória e projetos.
Durante o evento, Bader compartilhou com os alunos alguns de seus projetos mais emblemáticos e elucidou os valores que norteiam sua prática arquitetônica, proporcionando um olhar aprofundado sobre materiais e processos de projeto.
Nascido em 1974, Bernardo Bader pertence a uma geração mais recente de arquitetos. Ele contou sobre sua formação, explicando que trabalhou em grandes escritórios, mas sempre quis ter um projeto mais autoral. Hoje, ele tem seu próprio escritório e conta com uma equipe de 15 colaboradores. Apesar de sua projeção internacional, Bader mantém um forte vínculo com sua cidade natal, uma característica ressaltada pelo professor Marcelo Aflalo, mediador da conversa. Marcelo recordou que, ao conhecer Bader, o arquiteto manifestava o desejo de ser “o melhor arquiteto da sua vila”, destacando a profunda conexão emocional e sensorial que Bader mantém com seu espaço de trabalho.
O professor explicou com empolgação porque foi tão especial para os alunos ouvirem a trajetória de Bernardo: “Não há diferença [para Bader] entre uma obra pequena e uma grande, o ânimo dele, a injeção dele, o prazer dele em produzir é o mesmo em qualquer escala. Ele nunca quis ser um arquiteto famoso, mas ele é, aos 48 anos de idade, um arquiteto internacional, atuando em uma área muito pequena na Áustria. Ou seja, a gente precisa pensar em como fazer bem arquitetura, como se empenhar, como ter desejo e vontade. Ele começou em uma vila que são basicamente 600 pessoas, não saiu da região dele, e veio crescendo e fazendo uma arquitetura excepcional reconhecida no mundo inteiro, sem precisar de mídias sociais e esse tipo de coisa, porque a natureza dele é essa”.
Durante sua apresentação, Bader enfatizou não haver atalhos no trabalho arquitetônico. Segundo ele, é essencial estar próximo do processo e incorporar aspectos sentimentais e sensoriais ao projeto. Ele argumentou que design e conceito devem estar intrinsecamente ligados a esses sentidos.
Para ilustrar seus pontos, Bader apresentou diversos projetos, como a refação de uma pequena capela em sua vila. Ele destacou que a escala do projeto é irrelevante em comparação à qualidade do trabalho realizado, encorajando os alunos a não se limitarem por projetos pequenos. Bader explicou a escolha da madeira como material principal nesse projeto, enfatizando que a seleção de materiais deve ocorrer em conjunto com o desenvolvimento conceitual e o design.
Um dos projetos destacados foi a própria casa de Bader, construída com madeira proveniente da floresta local, demonstrando uma integração harmoniosa entre a arquitetura e a paisagem. O arquiteto também mostrou um centro esportivo que utilizou diversos materiais para criar ambientes confortáveis e sustentáveis em relação ao clima.
Outro projeto significativo apresentado foi o de um cemitério islâmico, o segundo da Áustria. Bader explicou que seu objetivo era preservar e respeitar a cultura islâmica, resultando em um cemitério que remete a um jardim, orientado para Meca e comprometido com aspectos culturais fundamentais.
Durante a sessão de perguntas, Bader abordou a questão da inteligência artificial na arquitetura, afirmando que pode ser uma ferramenta útil, mas não deve substituir o processo criativo. Ele também aconselhou os estudantes sobre como lidar com bloqueios criativos, recomendando afastar-se dos celulares e adotar abordagens analógicas, entendendo profundamente os processos e as maquetes.
A aula magna de Bernardo Bader foi uma oportunidade única para os alunos da FAAP se inspirarem e aprenderem com a experiência de um arquiteto que alia técnica e sensibilidade em seu trabalho, reforçando a importância da conexão emocional e sensorial na prática arquitetônica.