Na ocasião também será lançado um livro, que apresenta um panorama da trajetória de Nicolas Vlavianos, um dos principais nomes da escultura no Brasil.
O MAB FAAP convida para a abertura da exposição e lançamento do livro “Vlavianos – A conquista do espaço”, em homenagem ao escultor grego radicado no Brasil, Nicolas Vlavianos falecido há um ano. Com abertura em 21 de setembro, no Mezanino do Museu, a exposição fica em cartaz até 05 de novembro.
A mostra e o livro apresentam um panorama da trajetória do artista, com foco na produção escultórica dos últimos vinte anos (2001-2021). Com curadoria da professora dos cursos de artes da FAAP, Veronica Stigger, a exposição reúne aproximadamente 40 obras e estabelece relações entre peças deste período e fases mais antigas de sua longa trajetória. São esculturas e maquetes – a maioria feita em aço inox e latão – e desenhos.
O visitante também terá a oportunidade de assistir ao vídeo do programa Conversas no MAB com Vlavianos, última entrevista do escultor, realizada em outubro de 2021.
“A exposição e a publicação adquirem um sentido ainda maior diante do recente falecimento de Vlavianos, tornam-se uma homenagem a quem há 60 anos adotou este país e cuja trajetória tanto contribuiu para a escultura brasileira e internacional. Trajetória que, vale destacar, foi tema de três importantes retrospectivas nestas últimas duas décadas”, explica Myrine Vlavianos, filha do artista e organizadora da exposição e do livro, que tem fotografia de Romulo Fialdini e texto de Veronica Stigger.
Nicolas Vlavianos nasceu em Atenas, na Grécia, em 1929. Começou a carreira dedicando-se à pintura, nos anos 1950, e na sequência se mudou para Paris, onde estudou na Académie de la Grande Chaumière, ao lado do escultor russo Ossip Zadkine, e na Académie du Feu, com o pintor húngaro László Szabó.
O escultor e desenhista foi também professor de Expressão Tridimensional e Escultura na FAAP, de 1969 a 2017, no curso de Artes Plásticas e tem em seu currículo exposições individuais nos principais museus do país: Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAMRJ), Museu de Arte de São Paulo (MASP), Museu de Arte Brasileira (MAB FAAP) e Pinacoteca do Estado de São Paulo.
Teve em sua carreira o reconhecimento através de diversos prêmios, como o Prêmio Itamaraty na VIII Bienal de São Paulo, o Prêmio ABCA, por duas vezes, e o Prêmio APCA, por três vezes, além da participação em algumas das mais importantes mostras realizadas no Brasil no século 20, como VIII, VII e VI Bienais de São Paulo, Bienal Brasil Século XX, A Escultura Brasileira de 1920 a 1990, em Washington e em São Paulo e Escultura Brasileira na Luz, na Pinacoteca do Estado de São Paulo.
O artista tem obras monumentais em espaços públicos, especialmente na cidade de São Paulo, como a escultura “Progresso”, no Largo do Arouche, “Nuvens sobre a Cidade”, na Praça da Sé, “Anavasis”, na Avenida das Nações Unidas e “Homem-Pássaro”, no Parque da Luz. Além de esculturas no prédio da FAAP como “Árvore”, “Brazilian Nature” e “Grande Mandala”.
Sua obra é marcada por planos geométricos justapostos, assimétricos e irregulares e com frequência discute as relações entre ser humano e máquina. No conjunto de sua produção, permanece a tensão entre forma orgânica e abstração.
A curadora Veronica Stigger explica o que levou ao título da exposição; “a partir de 1965, na obra de Vlavianos, as figuras aparecem aladas, seguindo a tendência que o escultor já demonstrava em relação ao voo, à asa e ao pássaro. Como no poema “Page d’Écriture”, de Jacques Prévert, ao se deixar conduzir pelo pássaro-lira, tudo se transforma: o ferro soldado se torna pássaro, o latão se torna asa, o aço inox se torna mar, planta, nuvem, poesia. As esculturas de Vlavianos, neste sentido, se contrapõem à estatuária em sentido estrito”.
O que Vlavianos consegue também captar muito bem em seus trabalhos é que o voo, que sugere leveza, não está dissociado do peso – sobretudo nos voos, digamos, não naturais, isto é, aqueles executados pelo homem com o auxílio de suas máquinas. A roupa espacial é pesada. A nave é pesada. O foguete que a lança ao espaço é igualmente pesado. O mesmo se pode dizer das esculturas de Vlavianos: não apenas parecem pesadas; são, de fato, pesadas. No entanto, como as naves, aspiram ao voo.
O livro é um projeto realizado com apoio do ProAC Expresso Direto, edital da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo.