SP Urbanogram

VISITAÇÃO

27/04 a 03/07/2022


LOCAL

Rua Alagoas, 903
Higienópolis, São Paulo


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27/04 a 03/07/2022


LOCAL

Rua Alagoas, 903
Higienópolis, São Paulo



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A SP Urbanogram, exposta no Mezanino do MAB-FAAP, é a primeira exibição institucional solo de Tolis Tatolas, artista grego emergente. As obras apresentadas são o produto de sua residência artística de três meses na FAAP, de setembro a dezembro de 2019.

A principal premissa da exposição, que Tatolas apreciou explorar durante sua residência, é perceber a arte enquanto pesquisa científica. Ela deriva-se tanto de sua formação acadêmica como biólogo quanto de seu desejo de testar uma metodologia científica na criação de sua arte através da sequência “observar/documentar/analisar/compor”. A exposição reflete sua experimentação e remete a um laboratório de pesquisas onde obras de arte são organizadas meticulosamente apesar do caráter temporário e estão prontas para uma inspeção aproximada.

Levando essa abordagem a um novo nível, Tatolas examina como a cidade desenvolve-se como uma combinação de elementos orgânicos e inorgânicos. Ele demonstra como a natureza, os humanos e o ambiente construído fundem-se em um só, encontram-se em um diálogo contínuo ou até mesmo disputam por dominância.

Sua principal inspiração foi São Paulo, cidade que ele pôde conhecer muito bem durante sua estadia. O artista desbravou a cidade e familiarizou-se com regiões muito diferentes entre si; desde regiões mais ricas às menos desenvolvidas, do centro às periferias. Assim, ele tentou explorar as realidades de uma megalópole em uma era de urbanização extrema, caracterizada pelo desenvolvimento tecnológico e informacional, grandes movimentos migratórios incontroláveis e demografia em mudança devido às circunstâncias sócio-políticas e econômicas.

Tatolas desenvolveu sua pesquisa como parte de um amplo projeto em aperfeiçoamento desde 2009, no qual ele explora a distopia urbana intertemporal. Contudo, é a primeira vez que o artista retrata uma cidade real em vez de cidades imaginárias. São Paulo, sendo uma das maiores cidades do mundo, também representa o presente e o futuro urbano de todas as cidades para o artista. Deste modo, é local e também global, tendo valor universal.

As obras apresentadas na exposição manifestam-se em diversas mídias, incluindo desenhos, fotografias, vídeo, instalação e som. Desenhos compõem a maior parte, sendo divididos em duas categorias: obras efetuadas durante a estadia do artista em São Paulo e obras efetuadas após sua partida e o início da pandemia de covid-19, em 2020. A segunda categoria abrange uma série de vistas aéreas imaginárias desenhadas como fotografias da cidade tiradas a voo de pássaro. Elas não representam locais exatos, mas combinam elementos característicos do ambiente natural e artificial de São Paulo, como planejamentos urbanos, superfícies coloridas, pixos o grafite idiossincrático da cidade , rios em cascata e vegetação. Esses e outros desenhos menores e individuais, que remetem às pichações saídas das paredes dos prédios, são justapostos à peça central da exposição, a SP Urbanogram (2019): desenho díptico com comprimento de 20 metros que ondula como um cardiograma ao longo das paredes do museu, sinalizando o caráter pulsante da cidade.

Outro grupo de desenhos, “Sem título” (2020), feitos após a sua partida durante o primeiro período de isolamento devido ao Covid-19, representa a memória do artista sobre a cidade com influência dos acontecimentos globais recentes. Portanto, foram desenhados com menos detalhes e em cores mais escuras, o que cria um efeito claustrofóbico e também remete a negativos de filmes, representando imagens mentais impressas.

Fotografias compõem uma parte importante da exposição. Na série “Homo paulista” (2019), o artista se concentra nas pessoas em situação de rua espalhadas por toda São Paulo. Ele busca tanto dar ênfase ao fenômeno exacerbado na cidade quanto mostrar como as pessoas se unem ao ambiente urbano, parecendo lesões de pele ou, em uma alternativa mais otimista, borboletas saindo de seus casulos.

Em seu vídeo “Epithelium” (2019), Tatolas continua a explorar a relação entre a população humana da cidade e sua camada externa, uma membrana protetora na qual sentem-se confortáveis mas à qual também tentam escapar. O epitélio é representado por papel, material comumente utilizado por desfavorecidos em situação de rua na cidade de São Paulo para apoio e proteção. A pilha de papéis amassados em um dos cantos da galeria configura-se como manifestação física dessa luta.

A exposição também apresenta sons periódicos da obra “Suffocating” (2019), na qual o artista efetua sons guturais para indicar a impossibilidade de respirar, tanto em termos de extrema pobreza como também, quase que de maneira profética, em decorrência das complicações causadas pelo covid-19. Na obra “SP Dreamin” (2022), dois cobertores iguais aos utilizados pelas pessoas em situação de rua em São Paulo, com pichações feitas em tinta spray, estão pendurados acima do principal espaço do museu como lembrete da questão mas, também, como bandeiras sobre a persistência e esperança humanas.

A exposição como um todo visa indicar a inter-relação dinâmica entre os elementos orgânicos e inorgânicos da cidade e instigar seus espectadores a imaginar um futuro urbano que surja naturalmente a partir desse fenômeno e lidere todo o desenvolvimento a serviço dos habitantes urbanos.

Sobre o artista

Tolis Tatolas nasceu na Grécia em 1978. Atualmente, reside e trabalha em Atenas. Possui formação acadêmica em Artes pelo Vakalo College of Art and Design, na University of Derby, e em Biologia pela Aristotle University of Thessaloniki. Ele já apresentou 8 exposições solo e participou de 22 exposições em grupo na Áustria, Brasil, República Tcheca, Grécia, Reino Unido e Estados Unidos. Ele escreveu o livro intitulado “Animals in the Homeric Ages” (2005), publicado pela Erodios, e contribuiu para os volumes editados de “Science and Technology in Homeric Epics” (2008), publicado pela Springer, e “Law and Touch” (2019), publicado pela Westminster University Press. Seus artigos e obras foram publicados em ambas as esferas acadêmica e geral, na Grécia e internacionalmente. Ele também foi responsável pelo design de palcos e figurinos de diversas peças de escritores gregos e internacionais. Como contratenor com treinamento clássico, ele comumente experimenta com os limites da voz humana, assim expandindo sua prática na arte midiática. Suas obras pertencem às coleções privadas no Brasil, Canadá, República Tcheca, França, Grécia, Itália, Reino Unido e Estados Unidos.

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