A exposição “Olho do Peixe” reúne 25 imagens realizadas ao longo de 25 anos de carreira do fotógrafo, que já viajou o mundo captando imagens de surfistas, ondas e campeonatos. Dentre os destaques, estão imagens de atletas como Gabriel Medina, a brasileira Tatiana Weston-Webb, e um registro histórico dos campeões Kelly Slater e Andy Irons.
“É bastante interessante para o MAB FAAP entrar neste universo mais jovem, tanto pelo tema quanto por usar uma tecnologia atual – o Aleko fotografa com o celular –, atrair novos públicos e tornar a arte mais acessível, inclusive para nossos próprios alunos. Esta exposição do Aleko nos pareceu a mostra ideal para dialogar tanto com uma geração que está se aproximando do universo da cultura, como com os mais entendidos e apreciadores de arte. Vemos um potencial incrível nesta exposição, que traz fotografias impactantes que, com certeza, vão atrair todos os públicos”, afirma Fernanda Celidonio, diretora administrativa do MAB FAAP.
A exposição começou a ser desenhada há cinco anos. Desde o princípio, o surfista, jornalista e curador Fernando Costa Netto estava nos planos de Stergiou para assinar a curadoria. Foi ele quem abriu para Stergiou as portas do mundo da fotografia profissional e permitiu a ele apurar o olhar para além do surfe. “A exposição conta minha história de dedicação ao mar, de um vínculo eterno com a natureza e fala do meu amor incondicional à fotografia e à arte”, resume Aleko Stergiou.
Tendo começado a fotografar o surf nos anos 1990, Aleko já viajou para diversos países como Havaí, Taiti, Indonésia, Espanha, Grécia, entre muitos outros. Um dos destaques da exposição, citado acima, é a imagem considerada “icônica” pelo próprio fotógrafo, do registro dos campeões e rivais Slater, que acaba de anunciar a aposentadoria aos 52 anos, e Andy Irons, morto em 2010 com três títulos mundiais, num tubo. A imagem foi feita com câmera analógica. Stergiou credita à era analógica a sua capacidade de conseguir a foto decisiva: um rolo de 36 poses o ensinou a economizar cliques e esperar o momento certeiro. “É o que moldou o meu click seletivo de hoje.”
Do analógico ao celular
A chegada do digital pediu um novo salto, e de um rolo de 36 imagens feitas em um dia, ele passou a 1.000 – e a quantidade o tornou também editor. Hoje, ele usa o iPhone. “A câmera está 24 horas comigo. Isso aguça meu olhar e me possibilita captar uma cena a qualquer momento”. Stergiou é o primeiro profissional brasileiro a fotografar o surfe, seu entorno e sua cultura, com a câmera do celular. “O resultado é surpreendente. Como curador, selecionando o material desta exposição – uma privilegiada viagem na minha memória de velho surfista – me vi muitas vezes com os olhos encantados de uma criança”, diz Costa Netto.
Reconhecido mundialmente, Stergiou deu as primeiras clicadas em Maresias. “Ali aprendi a gostar de tubo, minha manobra favorita, e aprendi a fotografar”, lembra. Com ondas tubulares, pesadas, consistentes, como define o fotógrafo, Maresias não foi apenas a grande escola, mas representa a realização de um sonho de infância. “Eu recortava imagens de revistas e colava nas capas do meu caderno de escola”. A praia paulista, que o preparou para as ondas de Fernando de Noronha e Saquarema, segue sendo um grande centro de treinamento. “Até hoje, com o mar mais difícil, eu apanho”. Mas é no Tahiti que o coração dele surfa melhor, para onde ele já foi 26 vezes – contra duas visitas ao Havaí. “A Polinésia é o lugar mais plástico, fotogênico, um estúdio a céu aberto”, diz. Isso não significa que necessariamente virão dali as ondas mais perfeitas. “Se eu estiver bem posicionado, pode ser 2 pés ou 20 pés de onda, o que conta é o envolvimento com o mar, o oceano é quem manda”, afirma o fotógrafo.