A exposição apresenta ao visitante 120 peças do acervo do museu, entre criações de estilistas brasileiros e artistas visuais, com o objetivo de fazê-lo refletir sobre a relação entre a arte, a moda e o seu fazer poético.
Com curadoria de Denise Pollini e Laura Rodríguez e cenografia de Tito Ficarelli, a mostra está dividida em seis núcleos: Entremear, Justapor, Arquiteturar, Vazar, Estampar e Performar, tendo como fio condutor ações relacionadas ao fazer manual, com o uso do têxtil.
“O acervo de moda do museu teve início em 2016 e hoje já temos mais de 320 peças de estilistas brasileiros contemporâneos. Diante disso, decidimos que era a hora de levar a público parte dessa coleção que vem sendo catalogada, acondicionada e preservada para as futuras gerações”, explica Laura Rodríguez.
“Queremos colocar em diálogo a arte e a moda, tensionando os limites de ambas. Para compor esse conjunto, traremos ainda peças de Wearable Art, movimento da década de 1980 que tratava as peças de vestuário como arte para provocar a reflexão sobre suas fronteiras”, acrescenta Denise Pollini.
Núcleos
Entremear: o público pode apreciar peças em que o entrelaçamento das fibras naturais, as tramas, o bordado e a textura estão muito presentes. Neste espaço, estão expostos, por exemplo, um vestido em patchwork com volume de Lino Villaventura, e uma túnica em crochê de André Lima, que fazem um diálogo com uma obra de 1974 de Carlos Morais, feita em macramê com fio de sisal.
Justapor: reúne peças escolhidas a partir do uso de colagem, do patchwork, da assemblage e da união de diversas culturas ou universos, como uma capa colorida feita de fitas de seda, de Lino Villaventura, uma tela de Claudio Tozzi, intitulada “Colcha de Retalhos”, e um vestido de retalhos com adorno de cerâmica, de Lorenzo Merlino.
Arquiteturar: traz a roupa como forma escultórica, além do uso do desenho, da geometria e da estrutura nas peças. Uma roupa feita de metal e plástico, chamada Cloud Dress, de Jum Nakao, é um exemplo de obra que está nesse espaço, ao lado de um vestido de Gloria Coelho que dialoga com a obra de Estevão Nador, em que ele traz relevos em madeira sobre compensado.
Estampar: apresenta a superfície utilizada como veículo de um desenho, priorizando, principalmente, o uso gráfico, seja no estampado, no bordado ou no tecido. Um vestido estampado com manga elefante, desenvolvido por André Lima, e um casaco de estampa bordada colorida de Lino Villaventura, dialogando com a obra de Sylvio Palma, em que ele utilizou lã em tear manual de arraiolo, são algumas das peças que estão expostas.
Performar: traz uma abordagem sobre o não-realismo ou a vertente ritual da indumentária, transportando o espectador para uma outra realidade. Neste espaço, são apresentadas peças em que o criador explora ao máximo sua fantasia, seja criando desfiles de marionetes, como Fause Haten, em 2013, ou destruindo peças em um desfile, como fez Jum Nakao em 2005 com sua coleção “A costura do invisível”.
Vazar: mostra peças fundamentadas a partir do conceito de positivo e negativo, presença e ausência, recorte e desenho. Nele, são apresentados um vestido vazado de Lorenzo Merlino, ao lado de uma obra de lã em tear manual de Jacques Douchez, além de um vestido com recortes feito por Reinaldo Lourenço, com paetê, laços e cristais.
Conversas no MAB
Dentro do programa público da exposição e ao longo de todo o período expositivo, a curadoria organizou um ciclo de conversas que recebeu diversos nomes do universo da moda e da arte presentes na mostra. O projeto Conversas no MAB tem o intuito de aprofundar a experiência da visitação e o conhecimento sobre as peças expostas e seus criadores.