“Existe em nós o impulso de pertencer, mas também o medo de se deixar ver por completo.”

“Paradoxo da Vulnerabilidade” nasceu de algo que me atravessa — e que, em diferentes formas, percebo também nos outros.

FAAP Moda

20ª Edição

Ano

2025

Participante

Bianca Sodré Kabbara

Tema

Coleção “Paradoxos da Vulnerabilidade”

BIANCA-SODRÉ-KABBARA

“Paradoxo da Vulnerabilidade” nasceu de algo que me atravessa — e que, em diferentes formas, percebo também nos outros.

Existe em nós o impulso de pertencer, de se conectar, mas que convive com o medo de se deixar ver por completo. Essa tensão nos leva a construir armaduras emocionais que nos protegem, mas também nos afastam.
Inspirada por comportamentos naturais e dinâmicas humanas, a coleção explora as barreiras que erguemos, os gestos de aproximação e de recuo, e os momentos em que encontramos coragem para nos revelar. Essa dualidade se manifesta por meio de estruturas que se assemelham a escudos, elementos que parecem proteger o corpo, mas ainda assim deixam entrever algo por trás.

Existe em nós o impulso de pertencer, de se conectar, mas que convive com o medo de se deixar ver por completo. Essa tensão nos leva a construir armaduras emocionais que nos protegem, mas também nos afastam.
Inspirada por comportamentos naturais e dinâmicas humanas, a coleção explora as barreiras que erguemos, os gestos de aproximação e de recuo, e os momentos em que encontramos coragem para nos revelar. Essa dualidade se manifesta por meio de estruturas que se assemelham a escudos, elementos que parecem proteger o corpo, mas ainda assim deixam entrever algo por trás.

A metáfora que me guiou desde o início foi o peixe-leão. Admiração e intimidação coexistem em sua aparência. Suas barbatanas se desdobram como espetáculo visual, mas seus espinhos venenosos emitem um aviso silencioso: mantenha distância.

Assim como ele, projetamos força para nos preservar, enquanto escondemos o que há de mais delicado.

Essa imagem se torna ainda mais potente ao considerarmos que o peixe-leão só se tornou uma ameaça quando foi retirado de seu habitat. Introduzido em ecossistemas que não o reconhecem, passou a desestabilizar o ambiente. Fora de lugar, tornou-se um problema. Também nós, quando tirados de contextos que nos acolhem, nos tornamos versões endurecidas de nós mesmos — adaptadas, defensivas, reativas. Essa sensação é traduzida na coleção por meio de volumes que se comportam como escudos e formas que parecem envolver o corpo.

É a experiência de ser um “peixe fora d’água”, lutando para se adaptar a ambientes que não parecem nossos. É nesse estado de transição que oscilamos entre querer ser vistos e temer a exposição. Essa contradição se expressa em tecidos translúcidos que sugerem transparência, mas ainda assim cobrem — como se dissessem: “estou aqui, mas não por completo”.

Nesse processo, encontrei nas imagens de Corinne Mercadier, especialmente na série Une fois et pas plus, um reflexo visual desse tema. Suas figuras, envoltas em camadas translúcidas, parecem flutuar entre presença e ausência. A luz, os tecidos, os gestos contidos — tudo fala sobre o que se mostra e o que se esconde. Assim como nossas emoções.

“Paradoxo da Vulnerabilidade” não busca resolver essa tensão, mas habitá-la. Porque talvez exista força justamente em reconhecer o que é frágil. E talvez a beleza esteja não em se defender, mas em escolher permanecer — mesmo quando ser visto nos assusta.

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20ª Edição

Ano

2025

Participante

Bianca Sodré Kabbara

Tema

Coleção “Paradoxos da Vulnerabilidade”

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