A exposição Blumenfeld Studio: New York 1941 – 1960 joga luz sobre um dos fotógrafos mais influentes do século XX, Erwin Blumenfeld (1897 – 1969), e os trabalhos mais relevantes de sua carreira. Autor de extensa produção em 35 anos de trabalho, Blumenfeld ganhou a atenção mundial no pós II Guerra nos EUA, em um contexto de crescimento econômico e de dinamismo da imprensa.
Organizada pelo Museu Nicéphore Niépce, localizado na França, por seu diretor François Cheval, e com curadoria de Nadia Blumenfeld, neta do artista, e cocuradoria de Danniel Rangel, a presente exposição celebra a produção realizada em seu estúdio no Central Park e reúne obras do pós-guerra (fotografia de moda, campanhas publicitárias, retratos de personalidades, cartazes de propaganda e trabalhos experimentais reconhecidos pelos avanços técnicos para a época). A mostra apresenta ainda mais de noventa impressões, totalmente restauradas em cores, recortes de publicações originais e filmes de moda raramente vistos, datados do início dos anos 1960.
A exposição já foi apresentada na França, Alemanha, Inglaterra, Itália e China e agora a produtora Mega Cultural traz ao Museu de Arte Brasileira (MAB) da FAAP, com patrocínio da Dafiti.
Blumenfeld já era contratado por revistas francesas quando residia em Amsterdã, mas sua carreira como fotógrafo de moda teve início com a mudança para Paris, em 1936. Seu trabalho em publicações francesas do final de 1930 chamou a atenção do fotógrafo britânico Cecil Beaton, que facultou seu caminho para trabalhar na revista Vogue francesa.
Blumenfeld fez sua primeira viagem à Nova York em 1939, após seu ensaio de fotografias de moda na Torre Eiffel, voltou a Paris como fotógrafo correspondente da Harper’s Bazaar. Em 1941, depois de um ano preso em um campo de concentração na França, ocupada pelos alemães, mudou-se para Nova York com a família. Lá, contratado pela revista Harper’s Bazaar, colaborou com Carmel Snow, Diana Vreeland em ensaios de moda, e depois de três anos já se tornara um dos fotógrafos mais famosos e bem pagos dos EUA, considerado pelo New York Times como "um líder excepcional em fotografia criativa".
Outro destaque de sua carreira nos Estados Unidos foi sua parceria de 15 anos com a Vogue e Alexander Liberman, então diretor editorial da revista. Juntos, publicaram mais de 50 capas, incluindo retratos de grandes modelos e personalidades, como Babe Paley, Dovima, Jean Patchett e Carmen Dell’Orefice. Também trabalhou regularmente com outras revistas americanas de moda, como Cosmopolitan (para a qual fotografou Grace Kelly, em 1955) e Life Magazine, além de produzir grandes campanhas publicitárias de moda e beleza para clientes como Dior, Elizabeth Arden, Max Factor, L'Oréal e Helena Rubinstein.
Altamente inovador e muitas vezes contrariando o tradicionalismo, Blumenfeld desenvolveu seu próprio estilo, usando fotomontagem, solarização, slides coloridos e técnicas híbridas. Desde o início de sua carreira, foi influenciado pela ideia da fotografia como arte, desejando ser respeitado como artista de vanguarda, em vez de fotógrafo de moda.
Blumenfeld incluía aspectos criativos da arte em seus projetos comerciais e com frequência sua inspiração vinha da história da arte. Para compor uma capa da Vogue americana partiu da obra “Moça com brinco de pérola”, de Vermeer e de "Um Bar no Folies-Bergère", de Manet, para fotografar um editorial da Harper’s Bazaar, em 1941.