Em comemoração às Olimpíadas, que acontecem pela primeira vez no Brasil, o Consulado Geral da Grécia em São Paulo, em parceria com a FAAP, apresenta a exposição fotográfica “Athènes 1896 – La Première Olympiade de l’Ère Moderne”. A mostra poderá ser apreciada no mezanino do MAB-FAAP, de 17 de junho a 4 de julho, com entrada gratuita.
A exposição passará por vários pontos da cidade de São Paulo, incluindo estações de metrô. Após o MAB-FAAP, segue para a estação Sé. Em julho, estará no Shopping Iguatemi e na estação Paraíso. E, no mês de agosto, a exposição poderá ser vista no Conjunto Nacional, na Avenida Paulista, e na estação República.
A ideia de realizar a exposição em diversos pontos da cidade tem como objetivo atrair e atingir o maior número de pessoas, para que possam conhecer a história da primeira Olimpíada da Era Moderna, além de apreciar a beleza das fotografias documentais do século XIX.
Pela primeira vez no Brasil, a exposição apresentará um raro acervo composto por 69 reproduções, das quais 54 são de fotografias das competições, premiações e comemorações e 15 são de ilustrações, notícias de jornal e tíquetes de entrada dos jogos. Além deste material, a mostra é composta por textos que contextualizam a primeira Olimpíada Moderna. O acervo pertence à Coleção do Museu Benaki, de Atenas, ao Centro Cultural Grego de Londres e aos arquivos da família Lampakis.
A exposição deste acervo foi inicialmente apresentada em Londres, em 2012, onde foram realizados os últimos Jogos Olímpicos.
A habilidade de capturar em detalhes a representação real do momento fez com que a fotografia se tornasse o melhor meio de registro das Olímpiadas. O evento, um dos mais importantes do século XIX, foi registrado principalmente pelo fotógrafo grego Ioannis Lampakis (1851-1916) e pelo alemão Albert Meyer (1857-1924). Cada fotógrafo registrou as competições e os atletas de uma forma muito subjetiva, contribuindo para agregar valor à exposição.
Desde antes dos Jogos Olímpicos, o registro de movimentos era objeto de estudo. Entretanto, somente após a emulsão fotográfica se tornar mais sensível à luz, reduzindo, assim, o tempo para se encontrar o foco correto, a imagem de um objeto em movimento pôde ser capturada sem que ficasse borrada. O fotógrafo Iannis Lampakis parecia estar atualizado às técnicas de revelação da fotografia.
Isso fez com que sua abordagem dos jogos fosse mais naturalista do que a do fotógrafo alemão Meyer. Lampakis registrou tanto os eventos em curso como as cerimônias de premiação, antecipando, na Grécia, o que no século XX se consagraria como fotorreportagem.
As fotografias de Meyer apresentadas na exposição foram impressas em placas de platina, o que permitiu uma ampla gama de tons, conferindo um ar austero ao registro do evento. Suas imagens do Estádio Panathenaico mostram os atletas em poses mais sérias, como se tivessem sido tiradas em um estúdio fotográfico.
Outro dado importante que pode ser apreciado nesta exposição é o avanço técnico da fotografia do final do século XIX, especialmente a fabricação da primeira câmera portátil, da Kodak, de fácil utilização (em 1888) e a disponibilidade do filme flexível. Este instrumento, que até então era privilégio de poucos, passa a ser acessível para uma camada mais ampla da sociedade. Assim, além dos fotógrafos profissionais que documentaram os eventos de atletismo, amadores também testaram suas câmeras portáteis. Ainda que a maioria deles permaneça no anonimato, suas imagens contribuíram para o registro visual dos jogos. Tiradas das arquibancadas do estádio, suas fotos instantâneas deram uma visão mais geral do estádio e dos atletas.
Os Jogos Olímpicos foram realizados pela primeira vez em 776 a.C., no santuário de Olímpia (Grécia), em homenagem ao deus Zeus. Assim como nos dias de hoje, os Jogos aconteciam de quatro em quatro anos. Eram os mais importantes jogos pan-helênicos e representavam tréguas para as guerras de então. As competições na Antiguidade aconteciam no templo de Hera, esposa de Zeus na mitologia grega, e eram a principal celebração do mundo grego antigo. Com o Cristianismo, os jogos foram abolidos por se tratar de um evento pagão. As Olimpíadas só voltaram a acontecer no século XIX, quando, em 1894, Pierre de Coubertin organizou um congresso internacional na Sorbonne, em Paris, e propôs o retorno de um evento desportivo internacional periódico, inspirado no realizado na Grécia antiga.
Pierre de Coubertin e Dimitrios Vikelas, empresário grego e primeiro presidente do Comitê Olímpico Internacional, assinaram o acordo que garantiria à Atenas sediar os primeiros jogos olímpicos modernos. Esta decisão audaciosa foi recebida com mais ceticismo que entusiasmo pelo governo grego. Mas a Monarquia e a oposição viram os jogos como uma oportunidade de resgatar a imagem do país no exterior e fortalecer o elo entre o Estado grego moderno e o passado da Grécia antiga. Foi então que, com patrocínios e doações, o estádio Panathenaico, em Atenas, foi construído sobre as ruínas de um antigo estádio.
A programação dos Jogos Olímpicos de Atenas, em 1896, foi definida com base no projeto de Coubertin e incluía as provas de atletismo (corrida, salto em altura, salto em distância, salto com vara, lançamento de disco, arremesso de peso e maratona), ginástica, esgrima, luta livre, tiro, esportes aquáticos (iatismo, natação, remo e polo aquático), ciclismo, hipismo, tênis e críquete. Coubertin tentou mesclar ao máximo as provas de atletismo com os jogos de esportes em equipe.
Nesta primeira edição foram 43 vitórias olímpicas entre os países participantes, sendo os primeiros colocados: 11 americanas, 10 gregas, 7 para a Alemanha e 5 para os franceses. Foram distribuídos como prêmios ramos de oliveiras, juntamente com um certificado confeccionado pelo pintor grego Nikolas Gyzis e uma medalha desenhada pelo escultor francês Jules-Clement Chaplain.
De Atenas 1896 a Londres 2012 foram 28 Jogos Olímpicos e, nesses 116 anos, não somente as regras das competições sofreram mudanças. Os uniformes, os equipamentos, os eventos comemorativos, todos acompanharam a evolução tecnológica e cultural dos séculos XX e XXI. Os Jogos Olímpicos foram ganhando cada vez mais adeptos, as mulheres estrearam em eventos femininos, os Jogos Paralímpicos se juntaram à festa e os Jogos de Inverno e da Juventude passaram a constar no calendário.
Evento de origem e tradição europeias, os Jogos Olímpicos chegam à América do Sul pela primeira vez na história. O Rio de Janeiro se prepara para receber turistas do mundo todo e o Maracanã, símbolo carioca, marcará o início das comemorações dos Jogos no Brasil.