O edifício-sede da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP) é o tema da mais nova exposição do MAB FAAP. Com curadoria da professora Maria Cristina Wolff de Carvalho e do professor Francisco Barros, a mostra joga luz sobre o trabalho do francês Auguste Perret, um dos mais importantes arquitetos da primeira metade do século XX.
No Brasil, e possivelmente na América Latina, a única obra realizada por Perret foi justamente o projeto arquitetônico do prédio da FAAP, a partir de esboços feitos pelo conde Armando Alvares Penteado, idealizador da Instituição.
Por essa razão, a exposição Abrindo arquivos: o arquiteto Auguste Perret e o projeto para o Museu da FAAP revela a importância de Perret para a arquitetura moderna com a exposição de cartas, livros, revistas, croquis, plantas, imagens, entre outros documentos que apresentam a concretização do edifício, reconhecido, principalmente, por abrigar um painel de vitrais assinados por artistas como Lasar Segall, Candido Portinari, Tarsila do Amaral e Tomie Ohtake.
A exposição do MAB FAAP insere-se no vasto panorama de redescobertas e apreciação da obra do arquiteto e da Frères Perret, empresa de arquitetura que ele liderava ao lado de seus irmãos Gustave e Claude.
No cenário internacional, seguindo a tendência revisionista da arquitetura, a produção de Perret vem sendo reconhecida e celebrada com exposições, publicações, enquadramento em programas de preservação, restaurações e requalificações, a exemplo da cidade de Le Havre, na França, que foi reconstruída com projetos da Frères Perret após ter sido severamente bombardeada na 2ª Guerra Mundial. O município foi tombado pela Unesco como patrimônio da humanidade e, hoje, é um destino turístico que movimenta arte, cultura e economia.
A história do edifício-sede da FAAP tem início no ano de 1938, quando o conde Armando Alvares Penteado registrou em seu testamento a vontade de criar uma escola de artes e uma pinacoteca. Ao falecer, em 1947, coube a D. Annie Alvares Penteado, sua esposa, dar continuidade a esse desejo, criando a instituição que levaria seu nome.
Armando Alvares Penteado havia deixado um esboço do projeto arquitetônico da FAAP, que foi aprimorado em estudo preliminar pelo arquiteto franco-polonês radicado no Brasil, Antoni Wincenty Dygat (1886-1949), e, a pedido de D. Annie, encaminhado a Auguste Perret, em 1947. Em 1949, o projeto definitivo ficou a cargo dos irmãos Perret, da empresa Frères Perret: Auguste (1874-1954), Gustave (1876-1952) e Claude (1880-1960).
As obras dos irmãos Perret têm um significado muito abrangente, que vai da teoria da arquitetura ao desenvolvimento de processos de construção inovadores.
A exposição do MAB FAAP traz novamente à tona a arquitetura perretiana, por muito tempo estigmatizada e vista com desconfiança por sua estética evidentemente clássica, por seus vínculos com o historicismo e por fugir dos padrões modernistas mais disseminados.